A Crônica Argumentativa
A crônica é um gênero textual bastante evidenciado em jornais, escritos ou televisionados, e em revistas.
Só a partir do século XIX, retratada por um teor mais crítico, foi divulgada em jornais e folhetins, caracterizada por um texto que falava de maneira generalizada sobre os acontecimentos do dia a dia, adentrando posteriormente no campo da Literatura.
Uma de suas relevantes características se deve à ótica de como os detalhes são observados, pois o fato possibilita ao cronista relatar de forma individual e original os fatos sob diferentes ângulos.
A temática pela qual perpassa o gênero em questão costuma estar ligada a questões circunstanciais ligada ao cotidiano, como por exemplo, um flagrante na esquina, o comportamento de uma criança ou de um adulto, um incidente doméstico, dentre outros. Trata-se de um texto curto, geralmente com poucos personagens, no qual o tempo e o espaço são limitados.
Além da crônica narrativa, anteriormente mencionada, há uma modalidade mais moderna, a argumentativa, na qual o objetivo maior do cronista é relatar um ponto de vista diferente do que a maioria consegue enxergar.
Ele, usurfruindo-se do bom humor mesclado a toque sutil de ironia, aposta no intento de fazer com que as pessoas vejam por outra “face” aquilo que parece óbvio demais para ser observado.
Seu caráter discursivo gira em tono de uma realidade social, política ou cultural, onde esta realidade é verbalizada em forma de protesto ou de argumentação, quase sempre envolta por um tom até mesmo sarcástico, no intento de criticar as mazelas advindas da esfera social.
A temática pela qual perpassa o gênero em questão costuma estar ligada a questões circunstanciais ligada ao cotidiano, como por exemplo, um flagrante na esquina, o comportamento de uma criança ou de um adulto, um incidente doméstico, dentre outros. Trata-se de um texto curto, geralmente com poucos personagens, no qual o tempo e o espaço são limitados.
Além da crônica narrativa, anteriormente mencionada, há uma modalidade mais moderna, a argumentativa, na qual o objetivo maior do cronista é relatar um ponto de vista diferente do que a maioria consegue enxergar.
Ele, usurfruindo-se do bom humor mesclado a toque sutil de ironia, aposta no intento de fazer com que as pessoas vejam por outra “face” aquilo que parece óbvio demais para ser observado.
Seu caráter discursivo gira em tono de uma realidade social, política ou cultural, onde esta realidade é verbalizada em forma de protesto ou de argumentação, quase sempre envolta por um tom até mesmo sarcástico, no intento de criticar as mazelas advindas da esfera social.
Um exemplo de Crônica Argumentativa..
Em torno do espaço
público no Brasil
Estou no aeroporto
de Salvador, na velha Bahia. São 8h25 de uma ensolarada manhã de sábado e eu
aguardo o avião que vai me levar ao Rio de Janeiro e, de lá, para minha casa em
Niterói. Viajo relativamente leve: uma pasta com um livro e um computador no
qual escrevo estas notas, mais um arquivo com o texto da conferência que
proferi para um grupo de empresários americanos que excursionam aprendendo ?
como eles sempre fazem e nós, na nossa solene arrogância, abominamos ? sobre o
Brasil. Passei rapidamente pela segurança feita por funcionários locais que
riam e trocavam piadas entre si, e logo cheguei a um amplo saguão com aquelas
poltronas de metal que acomodam o cidadão transformado em passageiro.
Busco um lugar,
porque o relativamente leve começa a pesar nos meus ombros e logo observo algo
notável: todos os assentos estão ocupados por pessoas e por suas malas ou
pacotes. Eu me explico: o sujeito senta num lugar e usa as outras cadeiras para
colocar suas malas, pacotes, sacolas e embrulhos. Assim, cada indivíduo ocupa
três cadeiras, em vez de uma, simultaneamente. Eu olho em volta e vejo que não
há onde sentar! Meus companheiros de jornada e de saguão simplesmente não me
veem e, acomodados como velhos nobres ou bispos baianos da boa era
escravocrata, exprimem no rosto uma atitude indiferente bem apropriada com a
posse abusiva daquilo que é definido como uma poltrona individual. Não vejo em
ninguém o menor mal-estar ou conflito entre estar só, mas ocupar três lugares;
ou perceber que o espaço onde estamos, sendo de todos, teria de ser usado com
maior consciência em relação aos outros como iguais e não como inferiores que
ficam sem onde sentar porque "eu cheguei primeiro e tenho direito a mais
cadeiras!".
Trata-se, penso
imediatamente, de uma ocupação "pessoal" e hierárquica do espaço; e
não um estilo individual e cidadão de usá-lo. De tal sorte que alguns se
apropriam do saguão ? desenhado para todos ? como se fosse a sala de visitas de
suas próprias casas, tudo acontecendo sem a menor consciência de que, numa
democracia, até o espaço e o tempo devem ser usados democraticamente.
Bem à minha frente,
num conjunto de assentos para três pessoas, duas moças dormem serenamente,
ocupando o assento central com suas pernas e malas. Ao seu lado, e sem dúvida
imitando-as, uma jovem senhora com ares de dona Carlota Joaquina está sentada
na cadeira central e ocupa a cadeira do seu lado direito com uma sacola de
grife na qual guarda suas compras. Num outro conjunto de assentos mais
distantes, nos outros portões de embarque, observo o mesmo padrão. Ninguém se
lembra de ocupar apenas um lugar. Todos estão sentados em dois ou três assentos
de uma só vez! Pouco se lixam para uma senhora que chega com um bebê no colo,
acompanhado de sua velha mãe.
Digo para mim
mesmo: eis um fato do cotidiano brasileiro que pipoca de formas diferentes em
vários domínios de nossa vida social. Pois não é assim que entramos nos
restaurantes quando estamos em grupo e logo passamos a ser "donos" de
tudo? E não é do mesmo modo que ocupamos praças, praias e passagens? Não
estamos vendo isso na cena federal quando o presidente faz uma campanha aberta
para sua candidata, abandonando a impessoalidade como um valor e princípio, e
do conflito e interesse que ele deveria ser o primeiro a zelar? Não é assim que
agem todos os agentes públicos do chamado "alto escalão" quando se
arrogam a propriedade dos recursos que gerenciam? Não é o que acontece nas filas
e nos estádios, cinemas e teatros? Isso para não mencionar o trânsito, onde os
condutores de automóveis se sentem no direito de atropelar os pedestres.
Temos uma
verdadeira alergia à impessoalidade que obriga a enxergar o outro. Pois levar a
sério o impessoal significa suspender nossos interesses pessoais, dando atenção
aos outros como iguais, como deveria ocorrer neste amplo salão no qual metade
dos assentos não estão ocupados por pessoas, mas por pertences de passageiros
sentados ao seu lado.
Finalmente observo
que quem não tem onde sentar sente-se constrangido em solicitar a vaga ocupada
pela mala ou embrulho de quem chegou primeiro. Trata-se de um modo
hierarquizado de construir o espaço público e, pelo visto, não vamos nos livrar
dele tão cedo. Afinal, os incomodados que se mudem!
não me deu nem vontade de lê, é muito grande hehe!!!
ResponderExcluirtexto enfadonho..
ResponderExcluirMuito bom!
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